domingo, 20 de maio de 2012

Mensagem do Homem Triste



Passaste por mim com simpatia, mas quando me viste os olhos parados, indagaste em silêncio porque vagueio na rua.

    Talvez por isso estugaste o passo e, embora te quisesse chamar, a palavra esmoreceu- me na boca.
    É possível tenhas suposto que desisti do trabalho, no entanto, ainda hoje, bati, em vão, de oficina em oficina...Muitos disseram que ultrapassei a idade para ganhar dignamente o meu pão, como se a madureza do corpo fosse condenação à inutilidade, e outros, desconhecendo que vendi minha roupa melhor para aliviar a esposa doente, despediram- me apressados, acreditando- me vagabundo sem profissão.

Não sei se notaste quando o guarda me arrancou à contemplação da vitrine, a gritar- me palavras duras, qual se eu fosse vulgar malfeitor. Crê, porém, que nem de leve me passou pela mente a ideia do furto; apenas admirava os bolos expostos, recordando os filhinhos a me abraçarem com fome, quando retorno à casa.

    Ignoro se observaste as pessoas que me endereçavam gracejos, imaginando- me embriagado, porque eu tremesse encostado ao poste; afastaram- se todas, com manifesto desprezo, contudo, não tive coragem de explicar- lhes que não tomo qualquer alimento há três dias...

    A ti, porém, que me fitaste sem medo, ouso rogar apoio e cooperação. Agradeço a dádiva que me estendas, no entanto, acima de tudo, em nome do Cristo que dizemos amar, peço me restituas a esperança, a fim de que eu possa honrar, com alegria, o dom de viver. Para isso, basta que te aproximes de mim, sem asco, para que eu saiba, apesar de todo o meu infortúnio, que ainda sou teu irmão.

                                                                                                                            MEIMEI
                                                                                                                           Extraído do livro "Ideal Espírita" - Psicografia Francisco Candido Xavier