terça-feira, 20 de novembro de 2012

Parnaso de Além-Túmulo - O Cálice


O CÁLICE

A chuva benéfica e abundante cai dos céus
Mitigando a sede da terra.
Assim também, o Amado faz chover sobre os homens
Os poderes e as bênçãos.
No entanto, choras e desesperas...
por que não recolheste a tempo a tua parte?
- Nada vi - responderás...
É porque teus olhos estavam nevoados na atmosfera do sonho

O Senhor passa todos os dias,
Distribuindo os dons celestiais,
Mas as ânforas do teu coração vivem transbordando de substâncias estranhas.

Aqui, guardas o vinagre dos desenganos,
Acolá, o envenenado licor dos caprichos.
O Amado é incapaz de violentar a tua alma.
Seu carinho aguarda a confiança espontânea,
Seu coração freme de júbulo,

Na expectativa de entregar-te os tesouros eternos...
Mas, até agora,
Persegues a fantasia e alimentas furiosamente a ilusão.
Todavia, o Amado espera.
E dia virá,
Na estrada longa do destinho,
Em que estenderás ao seu amor infinito
O cálice do coração lavado e vazio.


                                                                                                       ALMA EROS