C A P Í T U L O V
Instruções dos Espíritos
• Se fosse um homem de bem, teria morrido
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
SE FOSSE UM HOMEM DE BEM, TERIA MORRIDO
22. Falando de um homem mau, que escapa de um perigo, costumais
dizer: “Se fosse um homem bom, teria morrido.”
Pois bem, assim falando, dizeis
uma verdade, pois, com efeito, muito amiúde sucede dar Deus a um Espírito de progresso
ainda incipiente prova mais longa, do que a um bom que, por prêmio do seu
mérito, receberá a graça de ter tão curta quanto possível a sua provação. Por
conseguinte, quando vos utilizais daquele axioma, não suspeitais de que proferis
uma blasfêmia.
Se morre um homem de bem, cujo
vizinho é mau homem, logo observais: “Antes fosse este.” Enunciais uma enormidade,
porquanto aquele que parte concluiu a sua tarefa e o que fica talvez não haja
principiado a sua. Por que, então, haveríeis de querer que ao mau faltasse
tempo para terminá-la e que o outro permanecesse preso à gleba terrestre? Que
diríeis se um prisioneiro, que cumpriu a sentença contra ele pronunciada, fosse
conservado no cárcere, ao mesmo tempo que restituíssem à liberdade um que a esta
não tivesse direito? Ficai sabendo que a verdadeira liberdade, para o Espírito,
consiste no rompimento dos laços que o prendem ao corpo e que, enquanto vos
achardes na Terra, estareis em cativeiro.
Habituai-vos a não censurar o que
não podeis compreender e crede que Deus é justo em todas as coisas. Muitas vezes,
o que vos parece um mal é um bem. Tão limitadas, no entanto, são as vossas
faculdades, que o conjunto do grande todo não o apreendem os vossos sentidos
obtusos. Esforçai-vos por sair, pelo pensamento, da vossa acanhada esfera e, à
medida que vos elevardes, diminuirá para vós a importância da vida material
que, nesse caso, se vos apresentará como simples incidente, no curso infinito
da vossa existência espiritual, única existência verdadeira. – Fénelon. (Sens,
1861.)