sábado, 19 de janeiro de 2013

Parnaso de Além-Túmulo - Depois da Festa



DEPOIS DA FESTA


Não te entregues na Terra à vil mentira,

Desfaze a teia da filáucia humana,

Que a Morte, em breve, humilha e desengana

A demência da carne que delira...

O gozo desfalece à própria gana,

Toda vaidade ao báratro se atira,

Sob a ilusão mendaz chameja a pira

Da verdade, celeste, soberana.

Finda a festa de baldo riso infando,

A alma transpõe o túmulo chorando,

Qual folha solta ao furacão violento.

E quem da luz não fez templo e guarida,

Desce gemendo, de alma consumida,

Ao turbilhão de cinza e esquecimento.


                                ÁLVARO TEIXEIRA DE MACEDO